É um "drama social" num dos distritos mais envelhecidos do país, com idosos a receberem pensões mínimas, como disse à Lusa o comandante dos bombeiros de Vila Flor, António Martins.
As corporações de bombeiros asseguram o transporte de emergência médica ao serviço do INEM, mas as ambulâncias deixam o doente na unidade de destino e têm de regressar imediatamente à base para estarem operacionais para outras emergências.
Já o retorno a casa fica por conta do doente, que tem de "se desenrascar" e na maioria dos casos tem apenas como alternativa alugar um táxi, como testemunhou à Lusa o comandante dos bombeiros de Freixo de Espada à Cinta, Sá Lopes.
"Temos três hospitais a 20 minutos entre eles, e o resto do distrito é paisagem, está tudo a uma hora, hora e meia de qualquer um", sublinhou, referindo-se às três unidades hospitalares concentradas a norte do distrito, no eixo do IP4, as de Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros.
Acontece também que, em alguns casos, nenhum dos três hospitais tem as especialidades necessárias e o doente tem de ser levado para Vila Real, como é o caso de cardiologia.
"Já chegámos a levá-los para Braga com uma perfuração na retina ou coisa do género", contou, referindo também as carências em oftalmologia.
Os bombeiros de Alfândega da Fé transportaram "há 15 dias" para bem mais perto uma idosa de Cerejais, evacuada para Macedo de Cavaleiros com uma hemorragia e que teve de pagar 50 euros de táxi para regressar a casa, a menos de 50 quilómetros do hospital.
"Meia hora depois (de dar entrada no hospital) a doente estava a ter alta, eram onze e meia da noite, já não havia transportes públicos, foram 50 euros de táxi para uma pessoa idosa e com uma pensão social", contou à Lusa o comandante dos bombeiros de Alfândega da Fé, João Martins.
A doente fez uma reclamação por escrito para os bombeiros, que já lhe explicaram que as instruções são estas:"é chegar, deixar o doente e vir embora".
O comandante está a pensar reencaminhar a queixa para o Ministério da Saúde porque considera que é "um problema social" que preocupa também o colega de Vila Flor.
"É uma situação que nos preocupa porque nós sabemos perfeitamente as carências que os utentes têm e as dificuldades económicas, muitos deles não têm possibilidades de pagar o transporte", referiu.
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